Antes de ficarmos apontando o dedo para Internet achando que ela é a
responsável por todos os fenômenos que vemos acontecer atualmente,
sexting, cyberbullying, etc, precisamos pensar que a sociedade vem
passando por profundas mudanças e que estas influenciam diretamente no
modo como as pessoas constroem o seu dia a dia e o seu entendimento das
coisas que os cercam.
Assistimos hoje a inúmeras mudanças tal qual a jurisdição dos
direitos, a uma hiperexposição do corpo e da sexualidade, um forte
investimento em publicidade comercial, a uma exaltação da jovialidade e a
depreciação dos mais velhos, a um retardo da independência financeira e
a tomada de responsabilidade da vida adulta, diversos tipos de
constelações familiares, dentre muitas outras questões.
É claro que a internet e as novas tecnologias exercem papel
fundamental nesse novo cenário, no entanto, não podemos pensar que os
meios de acesso e transporte de informação sejam responsáveis pelos
desafios encontrados na rede.
Isto nos faz refletir sobre um dos 10 princípios da Internet: a
Inimputabilidade da rede! O nome é complicado, mas nos ajuda a
compreender questões importantes deste mundo hiperconectado.
E o que mesmo esse nome complicado quer dizer? Através do princípio
da inimputabilidade da rede entende-se que o combate a ilícitos na rede
deve atingir os responsáveis finais e não os meios de acesso e
transporte. Claro que todo mundo precisa ter seus direitos pessoais e
morais respeitados, mas é necessário que encontremos as pessoas que
realmente deram o enter final no conteúdo ilícito exposto, pois caso
contrário, os conteúdos que publicamos ficarão sujeitos a filtragem e
constante vigilância de grandes empresas, ou seja, é limitar a liberdade
da grande maioria por causa de sujeitos que usam o mundo online de
maneira irresponsável.
Como por a culpa na internet, então?! Dizer que a internet incentiva
crianças e adolescentes a procurarem mais sexo, drogas, publicidade,
remédios, etc é uma ideia ingênua e determinista! Somos ativos nessa
construção! Que tal observar toda essa configuração da sociedade atual,
para que a Internet torne-se meio potencial de promoção dos direitos
humanos? Antes então de ser um internauta é preciso ser cidadão!
Conhecer as posturas éticas, críticas e responsáveis que envolvem nossa
sociedade!
Uma ação que, sem dúvida, vai colaborar é promover a construção
conjunta de um espaço de trocas entre pais, educadores, adolescentes e
crianças no qual se valorize a experiência de cada um e promova o ensino
de uma postura ética e cidadã a nossas crianças e adolescentes.
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